domingo, 29 de novembro de 2009

Caminhar e ver confunde-se nos emaranhados da lembrança: o tema de lembrar se traduz enfim pelo tempo de aprender. Por isso, sem a memória do processo de construção do aprender, a narração perderia a sua qualidade. Eis porque o momento do registro investe sobre o sujeito e o transforma pelo ato de refletir. Escrever, registrar, relatar, descrever, estabelecer relações mantém o ato perceptual em um ato presente. Cada ato de percepção é um ato novo que supõe outras experiências, outros movimentos – por isso, as vozes que que traduzem os sentimentos e pensamentos dos educadores têm me encantado, momento singular. Que esse movimento se amplie, gerando novas práticas.

O registro historifica, solidifica os momentos de um grupo.
A expressão dos silêncios...
das vozes inibidas dos professores
submissas
oprimidas
surgem vozes autorizadas
pela experiência,
pelo trabalho
pela prática.
Capacidade de refletir, expressar-se.
Vozes silenciosas grávidas de significação.
Emerge a esperança, visível, audível
de uma escola séria e alegre.
Uma escola renovada
professor leitor,
escritor,
cidadão,
educador.
Cientes de seus limites.
Seguro de seus conhecimentos.
Viver a utopia, alegria, busca,
reinventar o diálogo.
Uma teia, tecida com fios sentidos da vida
Vozes em rede que registram, analisam e escrevem.
Tarefa nada fácil! Como diz o poeta:
“[...] A ciência das coisas se aprende na lida, sem dijutório.
Aprende-se nas conversas. Ouvindo na escuta. Sem meeira
Para correr os olhos nas escritas.
Professor é a gente mesmo. Sabe-se escutando.
É falando pouco, economizando palavras. Decifrando silêncios”.

(PROFA – Programa de Formação de Professores Alfabetizadores, 2002).

Nenhum comentário: